terça-feira, 6 de outubro de 2015

Outra maneira de escrever...

Gostei muito da forma como me cumprimentaste. Estavas bem disposta, parecias feliz. A felicidade é isso mesmo, cada dia a cada minuto, a cada segundo conseguires sorrir...e eu gostei!
Durante algumas semanas a tua atitude manteve-se...
Houve um dia em que não disseste nada. Olhaste me e não disseste nada! Eu sorri como era habitual e disse o bom dia normal. Tu não reagiste...
Quatro anos passaram e o teu sorriso nunca mais apareceu...
O contacto que tínhamos era o bem disposto bom dia...agora não tínhamos nada...
Mas porque não podia acontecer o bem disposto bom dia?
O que tinhas tu? O que te fiz eu?
Na manhã mais cinzenta da semana lá ia eu esperar a tua passagem tristonha, tal como o dia, cinzenta...escura. E que triste eu ficava. Mas, não!
-Bom dia Gustavo! Como estás?
Não respondi...não fui capaz. O som doce da tua voz, o teu sorriso resplandecente, a tua boa disposição deixaram me sem palavras.
-Bom trabalho!
Acenei a cabeça somente. Muita confusão...muita alegria...muita agitação mental...
E agora? Que devo fazer? Voltamos ao normal?
Por vezes na vida acontecem nos percalços que nos obrigam a ser… a agir diferente. Mas, até que ponto as pessoas de que gostamos têm culpa?
Eu iria esperar o quê dela? 
Esperei até à manhã seguinte...
-Bom dia! Queres beber um cafezinho?
As palavras saíram-me...
-Bom dia, claro!
O café foi o mais saboroso que tomei. Estavas linda com uma blusa creme...a conversa foi franca, directa e esclareceu-me. Estiveste doente e o tratamento durou 4 anos...o cancro que te diagnosticado foi removido com êxito. Estavas agora a voltar a ser tu. Eu estava contente por estares bem, mas não entendi porque razão não continuamos a falar. A culpa era minha? 
E se o cancro voltasse? Ficaria novamente sem me falar? Que culpa tenho eu?
Não foi praga, não foi o destino, não foi má sorte....O cancro voltou!
Todos os dias ia contigo fazer a quimioterapia. Todos os dias sorrias...todos os dias falavas comigo, todos os dias te beijei, todos dias te abracei, todos os dias chorei... longe de ti! Longe de ti fiquei...mas cada dia em que te lembrava... SORRIA! E CHORAVA! E SORRIA...
"Outra maneira de escrever"

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